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Pesquisa acadêmica: (des)caminhos

homem diante de quadro de notas de pesquisa

Qual é o primeiro passo para empreender uma pesquisa acadêmica?

“Identificar seus próprios interesses não é um conhecimento banal.” (OLIVEIRA, 2004).

Eu entendo que o primeiro passo para ser um pesquisador – ou ao menos para estar pesquisador – é observar-se.

Coisas demais

O mundo é imenso e são tantas as possibilidades de interesse, que destacar um tema/assunto não é tarefa simples e só é possível se for estabelecido um recorte inicial.

Recortes

Sendo o lugar de pesquisa a Academia, e você está inserido em um departamento ou programa, há um recorte pré-definido (que você já selecionou quando ingressou em determinado curso): a área do conhecimento, ou seja, a grande aérea, e, também, a área menor, a de concentração, e ainda uma mais definida, a linha de pesquisa.

Caso você esteja na Graduação, esse recorte inicial talvez esteja somente parcialmente estabelecido.

Ainda assim, ufa, que maravilha, já está menor esse vasto mundão! Agora é “só” descobrir o que lhe interessa dentro dessa mais restrita circunferência!

Não há pesquisa sem interesse

E é nesse “só” que a dificuldade começa para alguns estudantes. Querendo ajudá-lo nessa tarefa, pergunto: o que é tão interessante para você (dentro do recorte inicial determinado pelo vínculo acadêmico) que é capaz de mantê-lo motivado por semanas, meses ou até anos? Essa é, sem dúvida, a principal pergunta no processo de formação do pesquisador.

Para entender como responder a essa questão, você precisará antes olhar-se, ver-se nesse fazer.

De quem é a pesquisa?

Invariavelmente encontro alunos que estão perdidos em sua pesquisa, sobretudo porque a pesquisa não é deles! Assim, preste atenção nos critérios que vai aplicar para escolher seu/sua orientador/a.

Não faça essa escolha baseado em simpatia, em aulas boas, ou em elegância! Estude o que ele/ela pesquisa, quais os projetos dele/dela, o que interessa a ele/ela no momento, qual a disponibilidade dele/dela. Sim, o interesse do/a orientador/a tem de estar em consonância com o seu. Ou seria o contrário?

Quando a escolha não depende de você

Também ocorrem saias justas, como seleções e modelos de organização departamental que impedem o aluno de fazer seu próprio recorte, tendo obrigatoriamente de se enquadrar em alguma pesquisa. E aí, o que fazer? Aprender a gostar da música, mesmo ela não sendo sua favorita! Isto é: encontrar na proposta de pesquisa – que não é sua – algo para chamar de seu. Afinal, o inusitado, mencionado no texto “O inusitado na pesquisa” pode se apresentar em qualquer ponto do caminho.

Descobrindo o interesse

Uma coisa é certa: se você não tiver condições de relacionar qualquer ponto de interesse à pesquisa, ela corre o risco de jamais sair do papel, ou sequer chega a ele.

Como descobrir o que pode interessar a você? Decerto que esta não é uma pergunta simples de ser respondida. Mas que tal começar por: o que lhe causa desconforto, o que lhe desassossega (dentro de sua área de conhecimento)?

Seguimos!

Fonte da imagem: Pixabay

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Márcia Sagaz

Mestre em Linguística – Sociolinguística/Política Linguística, pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (2013)

Título da Dissertação: Projeto Escolas (Interculturais) Bilíngues de Fronteira: análise de uma ação político-linguística.

Licenciada em Letras – Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009).

Especialista em Design Instrucional, pelo SENAC.