Leituras e Leituras
Dia desses, pensando sobre leitura, voltei à primeira infância e decidi escrever sobre leituras e estudo.
Aos quase oito anos de idade, eu ainda não havia aprendido a ler, estava na primeira série, já havia passado as férias de julho e nada, nem uma letrinha. Minha mãe beirava o desespero… quando finalmente cheguei com a boa nova: mãe, mãe, já sei ler!
Textos e leituras
Contudo, não aprendi, nos 10 anos seguintes de estudo regular, que para diferentes textos, diferentes leituras, para diferentes leituras, diferentes textos!
Quando era caloura da graduação, tinha absoluta certeza que não era (e nunca seria) capaz de entender os textos propostos pelos professores.
Nunca pensei em desistir, mas a busca pela proficiência era desgovernada, seguia aos trambolhões.
Técnicas de leitura
Até que um belo dia, o colega – aquele que eu considerava o mais inteligente da turma porque entendia todos os textos (!) – com a cópia do artigo na mão, fez uma importante declaração: “precisei ler três vezes este texto”.
Aleluias! Meu mundo se abriu e maravilhada compreendi que o problema não estava em mim, nem nos textos, estava na leitura!
Semestres adiante, em uma disciplina intitulada “escrita acadêmica”, a professora sentenciou: começa-se a ler pela capa, manuseia-se o livro, olha-se o sumário, a contracapa, a orelha. E eu, ali, de novo perplexa: “como eu não pensei nisso antes?” Meus agradecimentos à professora!
Construindo conhecimento
Com o passar dos anos, consolidei a certeza de que a leitura acadêmica competente, isto é, a leitura e estudo, só é possível se forem empregadas técnicas, as quais são chamadas de leitura inicial, visão geral, informada, prévia, analítica e tantas outras. Não são estanques, e cada leitor estabelece seu próprio modus operandi.
Somadas, sobrepostas, possibilitam a produção da leitura interpretativa e crítica que colabora para que o sujeito leitor se aproprie daquilo que leu e a partir daí construa conhecimento.
Espírito crítico
Contudo, só mais tarde, descobri que há um elemento indispensável, sem o qual as técnicas não geram resultado: o espírito crítico, fundamentado na curiosidade, na indagação. Pois segundo Bachelard, “Se não há pergunta, não pode haver conhecimento científico. Nada é evidente. Nada é gratuito. Tudo é construído”.
E o seu percurso com a leitura, como foi? Como é?
Seguimos!
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