Olá! “Vamos”, “vou”, “vai-se” ou “vai” refletir sobre a pessoa do discurso? Depende do espaço em que se fala. Esse espaço pode ser um gênero ou um elemento dentro de um gênero. Logo, decidir se deve-se usar eu, ele, nós ou o impessoal, é selecionar a pessoa do discurso
Vamos a elas!
Terceira pessoa do singular
Se você estiver escrevendo o resumo do trabalho de conclusão, de um artigo, ou seja, um elemento de pré-texto, a Norma é clara: “deve-se usar a terceira do singular” (ABNT 6028): Este texto apresenta reflexão sobre a pessoa do discurso.
Índice de indeterminação do sujeito
Já o texto acadêmico, dizem os teóricos, deve ser escrito de forma impessoal. Seria a voz do fazer ciência e não do cientista a ser ouvida: Reflete-se neste texto sobre a pessoa do discurso.
Primeira pessoa do plural
Contudo, há áreas que têm privilegiado a primeira pessoa do plural porque há autores que entendem que o “nós” é impessoal, pois tiraria o “eu” do centro, por exemplo: Refletimos neste texto sobre a pessoa do discurso.
Já sobre a primeira do plural, diz uma amiga revisora: mas o “nós” não inclui o eu? E isso não tornaria a primeira do plural também pessoal? Uns dizem que sim, outros dizem que não.
Com efeito, o fato é que se o texto é da Pedagogia será em primeira do plural – que parece ser includente, se for do Direito será em terceira com partícula de indeterminação do sujeito, ou seja, impessoal, afinal a Justiça é cega!
Primeira pessoa do singular
Há, inclusive, organizadores de coletâneas científicas em Ciências Sociais, que têm aceitado o uso da primeira do singular: Reflito neste texto sobre as pessoas do discurso.
Mudança de Paradigma
Com isso, observo o início de uma mudança de paradigma. Parece que a orientação tem passado pela área do conhecimento, que imprime também por meio da pessoa do discurso sua posição no mundo, sua ideologia.
Desse modo, pelo sim, pelo não, consulte o orientador, observe as publicações em sua área sobre qual pessoa empregar. Consultou, observou, definiu? Mantenha o padrão!
Caso queira se aprofundar no assunto, recomendo o texto de Sérgio de Freitas Oliveira, As Vozes Presentes no Texto Acadêmico e a Explicitação da Autoria. Que, aliás, usa e abusa dos pronomes pessoais e de sua variabilidade.
Seguimos!
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