Blog Pharus

O inusitado na pesquisa acadêmica

camaleão indicando mudança de curso

Ao concluir a formação inicial, que ocorreu depois de uma mudança de curso de graduação, o que me levou à pesquisa acadêmica, decidi escrever no convite de formatura o seguinte fragmento:

Era uma vez um pintor que tinha um peixe vermelho. […]
Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar-se negro […].

O problema do artista era que, obrigado a interromper onde estava a chegar o vermelho do peixe não sabia que fazer da cor preta […].

Os elementos do problema constituíam-se na observação dos fatos e punham-se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor – sendo o vermelho o nexo entre peixe e o quadro através do pintor. […]

O artista pintou um peixe amarelo.
(Herberto Helder, poeta português)

A experiência da graduação (do francês para o português), com a mudança de curso (em duplo sentido), entre outras coisas, fez-me entender que o inusitado faz parte do processo. E que se isso não for absorvido não há avanços, o que inclui a pesquisa sobremaneira!

O inusitado

Com efeito, às vezes, no percurso da pesquisa, algo salta aos olhos ou, ao contrário, percebe-se que não será possível realizar alguma meta estabelecida. Isso ocorre seja por fatores externos ou não, do mesmo modo quando há mudança de curso de graduação.

Angústia e pânico

Assim, nesses momentos, não é raro a angústia tomar forma e chegarmos a pensar: “Aff… vou ter que começar tudo de novo” – nesse momento a angústia se transforma em pânico!

Rigor científico

Bem, se a pesquisa está bem estruturada e se mantém no rigor científico não será difícil perceber que não encontrar respostas, por exemplo, é indício de algum fenômeno. E isso pode ser investigado e analisado.

Mas se o problema for se deparar com algo que agora interessa mais que aquele que motivava inicialmente, talvez esteja aí o “gancho” para o próximo trabalho!

Mudar sim, abandonar não

O pintor, de Helder, diante do quadro busca uma solução; entre elas não está interromper a pintura!

Contudo, Umberto Eco diz que o principal da pesquisa (da pesquisa, não da ciência) é aprender a fazê-la. Sendo assim, se tiver que abandonar um tema e partir para outro, o que foi realizado inicialmente, se bem fundamentado e organizado, nunca se perderá.

Afinal, seja preto, vermelho ou amarelo ainda é um peixe!

Seguimos!

Fonte da imagem: Pixabay

Picture of Márcia Sagaz
Márcia Sagaz

Mestre em Linguística – Sociolinguística/Política Linguística, pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (2013)

Título da Dissertação: Projeto Escolas (Interculturais) Bilíngues de Fronteira: análise de uma ação político-linguística.

Licenciada em Letras – Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009).

Especialista em Design Instrucional, pelo SENAC.